Ágio Augusto Moreira mais conhecido como Padre Ágio (Farias Brito, 05 de fevereiro de 1918) é um sacerdote católico brasileiro que tem o título de Monsenhor, com grande reconhecimento no Ceará em especial na região do Cariri em que criou a Solibel (Sociedade Lírica do Belmonte) localizada na cidade de Crato. A denominação honorífica de Monsenhor foi entregue pelo bispo emérito do Crato Dom Newton Holanda Gurgel, em solenidade realizada no auditório Cristina Prata da Solibel, com a presença de um grande número de pessoas . O Padre Ágio Moreira comemorou o seu jubileu de Ouro Sacerdotal na Sé Catedral do Crato, no dia 18 de dezembro de 1993.
O Padre Ágio trabalhou em várias cidades da região sempre sendo bem recebido pela população dos lugares por ande atuou. Trabalhando no distrito de Goianinha (hoje Jamacaru), em Missão Velha (CE), foi surpreendido por um grupo de trabalhadores rurais, entoando os chamados “Cânticos de Trabalho” enquanto colhiam arroz e café. O coro se dividia em voz masculina e feminina, dentro de uma harmonia e afinação quase perfeita, segundo o Padre Ágio. Ali surgiu a ideia de fundar uma escola de música para trabalhadores rurais. Certo de que a música poderia se transformar num instrumento de crescimento e despertar individual e coletivo para crescimento e o desenvolvimento humano. Padre Ágio levou os trabalhadores para cantar na igreja durante as missas. Iniciando uma triangulação divina entre música, religião e trabalho concretizou o seu projeto em Crato.
Começou no Lameiro (bairro do Crato), ensinando solfejo, canto gregoriano e o manuseio de instrumentos musicais (acordeão, violoncelo, piano e violão). Seus primeiros alunos foram, José Nilton Figueiredo, José Moreira e outros dois que atendiam pelos apelidos de Pituxa e Frajola.
Continuou o projeto no distrito de Belmonte por volta de 1965 com a Escola de Música Heitor Villa Lobos. Primeiro os cânticos na igreja, pois lá no Belmonte já não via mais os cânticos de colheita. A partir daí direcionava-os para as aulas teóricas de música. Como não podiam deixar o trabalho, os alunos manuseavam instrumentos de trabalho durante o dia (pás, enxadas, facões, arados, etc.), e à noite trocavam seus instrumentos de trabalho por instrumentos musicais e se embrenhavam em partituras, solfejos e cantos.
A música aos poucos foi se tornando parte das suas vidas. A comunidade aos poucos, foi agregando a escola às suas vidas, as crianças eram incentivadas pelos pais a irem estudar música, e o projeto tomou corpo. Começaram a se apresentar na cidade. Assim, vieram as doações de instrumentos, de dinheiro, pessoas da cidade ajudavam na administração da escola, o número de alunos cresceu e a comunidade agora era parte da escola assim como a escola era parte da vida da comunidade.
A Escola transformou-se em Sociedade Lírica do Belmonte. Possui hoje um auditório, escolinha de alfabetização para crianças, uma orquestra, coral (adulto e infantil,) palco, sala de ensaios, capela, banda de músicas, camerata, etc. Possui uma orquestra formada por 65 músicos distribuídos em instrumentos de corda (violões, violinos, violoncelos e baixos), instrumentos de sopro (de madeira e de metal), teclados, além de instrumentos de percussão. Muitos dos alunos, hoje são professores de música na escola. Outros se espalharam pelo Brasil abrilhantando orquestras sinfônicas com os seus talentos como por exemplo Salvador, João Pessoa, Maceió, Fortaleza, Rio de Janeiro e, sempre que podem, retornam ao distrito de Belmonte trazendo cursos intensivos aos alunos da Escola. Outros optaram por permanecer na escola, cativos que são do gosto pela música, exemplados que são pela grandeza, humildade e perseverança do Padre Ágio. Lá são dirigentes e professores. Muitos deles hoje com formação acadêmica, são doutores encaminhados pelo crescimento pessoal promovido pela música.